quarta-feira, 4 de junho de 2008

Democracia??

Tenho tido muito tempo para pensar. E os meus pensamentos levam-me invariavelmente à insustentável situação que o nosso país vive. Diria mesmo mais... que o mundo vive.
Quando, há 20 anos, o arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles disse, em tom profético, que nos viríamos a arrepender de termos acabado com as hortas familiares, referindo-se à região de Lisboa, embora se tenha generalizado no resto do país, todos riram e pensaram e disseram - "O velho passou-se... toda a gente sabe que os legumes, as hortaliças e até os frangos vêm das prateleiras do supermercado".
Este tipo de pensamento ainda tomou mais força com o aparecimento, como cogumelos, das grandes superfícies, estes sim, brotavam espontâneamente em qualquer terreno baldio, fosse terra ou cimento, e mesmo que nunca tivesse dado sequer batatas.
Ora bem, e pergunto eu, porque é que nunca ninguém se lembrou, ou sequer pensou, de onde é que vinham todas estas coisas? Como é que é possível continuarmos a ter prateleiras cheias, carrinhos cheios, Domingos à tarde ocupadíssimos na azáfama inconsciente de consumir consumir consumir, se toda a gente se mudou para as cidades, se já ninguém cultiva os campos, se a União Europeia desincentivou a produção dando subsídios para que as pessoas não produzissem?!
Pergunto mais, a quem interessava que não se penssasse?
A resposta é simples... e os mais conscienciosos sempre a souberam. Aos lobbys! Essa palavra tão harmoniosa para descrever o maior e mais intolerante ditador de todos os tempos! O dinheiro (sempre ligado ao poder).
Pois é meus amigos... gritem liberdade aos quatro ventos, mostrem-se revoltados, esperneiem, reclamem, discutam, que isso de nada vos serve. Não vivemos em democracia, vivemos na ditadura do dinheiro, que nos controla até a forma de pensar. Desde os media, à Internet, passando pelos combustíveis, electricidade, água canalizada, tudo, mas tudo, serve para nos controlarem cada vez mais.
Para quem pensa que estou a ter um ataque de radicalismo de esquerda, diga-me, consegue passar um dia sem telemóvel? E sem televisão? Ou sem Internet? Sem carro? Sem luz?
Metemos a cabeça, na argola e quanto mais nos apertevam, mais nós queríamos ser apertados, num misto sado-masoquista de levar a vida.
Carlos Zafón diz, n'A sombra do vento, "A maneira mais eficaz de tornar os pobre inofensivos é ensiná-los a querer imitar os ricos. É esse o veneno com que o capitalismo cega".
E Como se sabe a cegueira não tem cura!

...mais forte seria se el'rei cá não viera

Um comentário:

Teté disse...

Olha, outro admirador do Zafón! :)

Quanto ao resto, infelizmente tenho de concordar: o vil metal como rei supremo e absoluto!

Mas enfim, ainda não somos todos assim de molde a virar costas a tudo à conta desse ditador...